Dra Denise Miyashita, nascida em Araçatuba, formou-se em medicina em 2002, pela Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA) e fez residência médica em oftalmologia na USP – Ribeirão Preto. Na sua área, especializou-se em estrabismo, plástica ocular e vias lacrimais. Atua na cidade desde 2006, e além de atendimento em sua clínica, está fazendo doutorado (USP - Ribeirão Preto) e é professora da UNOESTE – Faculdade de Medicina de Presidente Prudente.
Consulta oftalmológica - em qualquer idade, muito além dos óculos...
Muitas pessoas procuram o oftalmologista apenas quando acham que não estão enxergando bem. O exame oftalmológico vai além de uma receita de óculos...
Idealmente toda criança deveria passar por uma consulta oftalmológica logo nos primeiros 6 meses de vida.
Existem doenças oftalmológicas chamadas congênitas, ou seja, que já estão presentes desde o nascimento, e precisam ser detectadas e tratadas tão logo quanto possível. Um exemplo bem comum é o lacrimejamento excessivo, persistente, com presença de secreção quase diária nos primeiros meses de vida, que é chamado de obstrução de vias lacrimais. Isso pode ser resolvido facilmente até o primeiro ano de vida, com massagens específicas, porém se torna um problema crônico e de difícil tratamento se os pais demorarem pra procurar atendimento especializado.
Por volta de 4 anos de idade, apesar de uma criança não saber ler ainda, existem maneiras próprias para examinar os olhos e a visão, e nessa fase podem ser detectadas doenças que só são possíveis de tratamento na infância. Existe, por exemplo, o estrabismo e a ambliopia. Estrabismo é o desvio dos olhos, para dentro ou para fora, e a ambliopia é a baixa de visão que isso proporciona. O olho que é torto, se não for tratado na infância, não só deixa seqüelas estéticas como também pode ficar com deficiência visual por toda a vida. A correção do estrabismo pode ser feita com cirurgia, em qualquer época da vida, mas a correção da ambliopia só é possível na infância.
Durante a fase escolar, uma criança já sabe dizer se enxerga bem ou não, mas o que pode existir é a diferença de grau entre um olho e outro. Ou seja, um olho tem visão ruim e o outro enxerga normal, o que acaba compensando aquele ruim e deixa o problema difícil de ser percebido pelos pais, pois a criança não reclama. Isso na maioria dos casos é identificado apenas no exame oftalmológico, e se não for corrigido na infância, também pode causar dano visual intratável e permanente.
Vale lembrar que, os orientais têm um formato palpebral diferente, que dá a impressão de os olhos serem tortos, e por isso, a família pode não notar o estrabismo, ou achar que seria “normal” da raça.
Esse formato palpebral próprio também pode gerar inversão dos cílios, que machucam os olhos e os deixam vermelhos e sempre irritados. Isso pode estar presente já ao nascimento, ou ser adquirido ao longo da vida. Em idosos que tiveram tracoma em sua juventude, uma conjuntivite conhecida pelos mais velhos como “dordolho”, não só os cílios, mas toda a pálpebra começa a virar no sentido dos olhos e incomodar bastante a visão. É muito comum algum familiar retirar esses cílios com uma pinça, resolvendo o problema temporariamente, pois esses cílios voltam a crescer. Isso pode ser revertido com cirurgia e em casos mais simples, apenas com cauterização da raiz dos cílios, para que não surjam mais.